Hoje vi a morte
Mas ela não veio falar comigo
Veio conversar com outrem
Mas terrível ver o modo como ela vinha
Não sei se o levou
Fiz o que era possível para que isso
não acontecesse
Além de mim este poder
Ao menos minimizar a dor
Sangue, sangue, sangue
Me mantive calma mas com o coração
aflito
Para dar as instruções necessárias
…
Trêmula de uma forma!
Imagem que não sai da cabeça, de meus
olhos
Pareço ainda estar em frente aquele
moço
Vendo-o agonizar
Sem nada a fazer a não ser torcer para
que o melhor caminho acontecesse
…
Minha cabeça não quer apagar
De forma alguma
…
Ele tremia de tanto sangue que perdia
Convulsão ou sei lá o que
Não entendo destas coisas
Só espero que não tenha sido a aorta
Apenas entendo o quanto uma vida é
preciosa
Ainda mais de um filho pra uma mãe
…
Covardia, nervosismo
Não sei se iria fugir
Mas o motorista ao atingir a moto
Não parou
E o arrastou
Gritos de desespero de trabalhadores em
um ônibus
Somente o fizeram parar
Acordei assustada
Primeira reação: chamar ajuda médica
Descrever o ocorrido
Ir ver o estado do ferido
Para orientar os bombeiros
E simultaneamente os mesmos me
orientarem com os procedimentos de urgência até a espera da viatura
…
Agora torcer
Para que uma mãe não tenha que chorar
desesperadamente diante o corpo de um filho.