segunda-feira, 6 de maio de 2013

Me liberto das lembranças escrevendo

Manipulação de informações
Só queria conseguir dormir
Porque, porque, porque?
Não sai da minha cabeça
Foto no jornal, notícia na TV, tão diferente ver algo assim na tua frente
Te choca, te marca!
Inacreditável ver a face, a expressão do policial que não se altera
Que não se altera
Acostumado está com cenas assim.
Que lugar é esse?
Que lugar é esse, que imagens assim não assustam mais.
Comodismo diante da fatalidade
Naturalidade diante da notícia que mais alguém se foi
Mais uma mãe chora diante de um caixão, possivelmente lacrado.
Consigo ouvir!

Mas quem sou eu, que me altero com fatos tão longe, tão perto.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Imagem que não sai

Hoje vi a morte
Mas ela não veio falar comigo
Veio conversar com outrem
Mas terrível ver o modo como ela vinha
Não sei se o levou
Fiz o que era possível para que isso não acontecesse
Além de mim este poder
Ao menos minimizar a dor
Sangue, sangue, sangue
Me mantive calma mas com o coração aflito
Para dar as instruções necessárias
Trêmula de uma forma!
Imagem que não sai da cabeça, de meus olhos
Pareço ainda estar em frente aquele moço
Vendo-o agonizar
Sem nada a fazer a não ser torcer para que o melhor caminho acontecesse
Minha cabeça não quer apagar
De forma alguma
Ele tremia de tanto sangue que perdia
Convulsão ou sei lá o que
Não entendo destas coisas
Só espero que não tenha sido a aorta
Apenas entendo o quanto uma vida é preciosa
Ainda mais de um filho pra uma mãe
Covardia, nervosismo
Não sei se iria fugir
Mas o motorista ao atingir a moto
Não parou
E o arrastou
Gritos de desespero de trabalhadores em um ônibus
Somente o fizeram parar
Acordei assustada
Primeira reação: chamar ajuda médica
Descrever o ocorrido
Ir ver o estado do ferido
Para orientar os bombeiros
E simultaneamente os mesmos me orientarem com os procedimentos de urgência até a espera da viatura
Agora torcer
Para que uma mãe não tenha que chorar desesperadamente diante o corpo de um filho.