sábado, 25 de agosto de 2018

Sobre a dor que não foge de mim

Como se tivessem tirado minhas forças
E meu poder
O poder que a gente só reconhece quando falta
E a capacidade some
Com um peso que não posso suportar
Estou a andar parada no mesmo lugar
E apenas a dor me consome
Aqui é tudo tão gelado,
Pois meus pés não aquecem mais.
E sob o gelo estou a andar.
Como se na neve estivesse a andar.
Percorrer quilômetros que não existem mais.
Que somem aos meus pés.
Percursos que não consigo alcançar.
O desespero sobre mim é o lugar nenhum a qual percorro
Logo ao acordar.
E nada do que faça parece resolver o que está diante de mim.
E aos meus pés não consigo sentir e nem ver uma solução.
E um único problema se transforma em terríveis monstros
A me devorarem toda noite, pois o amanhã está a chegar.
Tudo tão longe e tão perto.
Impossível de alcançar, assim parece ser.
E o que me domina então?
O pavor, que percorre meus braços com os pêlos a arrepiar
De tanto tremor e temor.
E esta dor que não passa,
Apenas me acompanha todos os dias.
E eu não me reconheço.
Em minha própria pele distorcida pareço estar.
Derrotada estou a buscar a esperança que some ao chegar da aurora.
Se dispersa assim como o que já fui um dia.
De enigmas em enigmas procuro encontrar a minha voz.
Uma voz que clama por solução.
E não por esta decepção que está ao meu lado.
E o passar dos dias não me trazem melhoras.
Perco o chão, como se tivesse perdido os pés para percorrê-lo.
E tudo é metáfora em busca de auxílio.
Um auxílio que não vêm, que ninguém aqui é capaz de me dar.
A não ser a coragem que tento buscar para encarar de frente tudo isso.
E com a cabeça erguida, sofro com a dor.
Buscando não cair em  lágrimas para não me afogar nelas mesmas.
Pois tudo isso não parece ter fim.
Nenhuma resposta, nenhum amanhã,
Ou remédio que arranque esta dor de mim.
E que traga luz para minha alma.
Quero correr e não consigo ao menos andar e estar sob meus próprios pés sem dor.
Como é difícil alcançar algo tão simples.
Que perde sua importância por tão cotidianos serem seus movimentos.
O que busco e não consigo alcançar.
Ao menos até a esperança tenho que chegar,
Mesmo que não consiga andar até a ela.
Como posso fazer para meus caminhos percorrer e meus destinos criar?
E assim me satisfazer e sentir a vida pulsar dentro de mim como outrora.
Apenas o amanhecer não traz o que tanto busco.
E a cada dia luto contra tudo isso.




Para então um dia conhecer a paz

Você percebe que a juventude se vai e se esvai.
Quando olha para trás o que há para comemorar?
Quais frutos foram doces o bastante para ficar na memória, mais que no paladar.
O que de amargo ficou e o que você realmente conquistou.
Conquistou a si mesmo e se tornou dono de seus pensamentos.
De seus atos, se fez firme nas consequências.
E a noite se faz, levando com ela as sombras que se fazem durante o dia.
E o verbo se flexiona repetidamente querendo dizer alguma coisa.
Busca no inconsciente algo que está perdido no consciente,
Algo perdido a luz do dia.
Mas que se faz durante as trevas do escurecer.
Obscuro como aquele deve ser.
Aquele que machuca e você deve conhecer,
Para então um dia conhecer a paz,
Dentro de si.