domingo, 23 de setembro de 2012

O mar

O mar
Ah! O mar
Eu o escolhi para levar minhas últimas lágrimas
Como sempre ele me renova, me leva a tristeza
Mas dessa vez ele não o quis
Pouco consegui derramar
E agora vai ficar trancado aqui dentro
Amargurando-me
Queimando minha alma
Congelando e transformando em aço meu coração
Tudo se transforma em névoa
A sombra do que já fui, até há pouco
Não sentirão o gosto de meus lábios
Nem meu toque ou minha pele
Nenhum homem roubará um sorriso meu
Hoje sei dizer qual tal o desejo de ver o chamado
Da adorável mulher de negro
Quero que ela me leve
Uma missão me foi dada
E eu não o soube
Não o consegui fazer
Nasci para ensinar a amar
Uma vez apenas consegui.
Agora me entrego para a derrota
Quero seguir em outro plano
Transformar-me num grão de areia que talvez irá tocar o rosto
Dos enamorados que ainda existem
Não nasci para conhecer tal felicidade
Minha felicidade jamais será completa
Apenas a terei em uma das partes de minha vida
Sei que serei admirada, realizada e inspirarei a muitos
Como já fui inspirada um dia
Contento-me a isso
A única glória que posso ter
Pelo menos já sei que é minha
Não sei quanto tempo demorar a chegar
E depois posso irvai
E me tornar uma lembrança
Tão doce quanto o chocolate suíço
Tão amarga quanto a esperança
Lembrança etérea
E talvez sob essa forma possa tocar os homens
Com um sopro e faze-los ama-las como deve ser
Fica aqui o meu adeus
Que logo se transformara em verdade
Árvore plantada
Só falta o livro
Para poder ir
Hoje manchada como com carvão
Viram-me
Minhas lágrimas transformaram o arsenal de beleza em feiúra
Olhando-me aterrorizados
Com toda a certeza sentiam o que estava em minha íris
O sangue da dor




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