Hábito
cultural já retratado pelo renomado antrópologo brasileiro Roberto
da Matta, em um de seus estudos,
onde além de outras considerações, explora o uso da famosa
expressão “você
sabe com quem está falando?”, como um retrato de nossa cultura.
[...]
Na
cidade onde moro, existe uma regra para o atendimento público em
postos de saúde, em que determinado posto atende a demanda de
determinada região da cidade, o que é uma informação a qual todos
que utilizam o tal serviço tem acesso.
A
partir disso, uma situação, me deixou revoltada, estava numa
unidade de saúde pública em minha cidade, e um casal se exaltou, se
revoltou pois a funcionária não queria marcar consulta para eles,
por não terem informado a mudança de bairro, como a funcionária
mesmo ressaltou que não havia como o pessoal do posto adivinharem a
mudança. Pressão daqui, pressão dali, voz exaltada, expressão
carrancuda, linguagem corporal agressiva, até que a funcionária
acabou por ceder, e deu um “jeitinho” (já que sua senha não permitia tal ação), mesmo que tal comportamento na minha
compreensão se caracterize como desacato ao funcionário público.
Bem,
quero ressaltar aqui que minha revolta não se deve ao fato da
funcionária ter deixado ou não de marcar a consulta, mas sim pela
maneira como as pessoas lidam com suas necessidades e as alheias,
pois se o “jeitinho” é para uma necessidade própria, não
importa o que seja feito. No entanto, ao ver ações erradas de
outrem, uma parte das pessoas discriminam, julgam, demonstram ter uma
moralidade hipócrita. Exemplo clássico da pessoa que reclama dos
políticos corruptos, e leva o troco errado pra casa, suborna aqui ou
ali, e outras ações do gênero.
Há
muito tempo conservo a seguinte opinião: um ladrão não começa
assaltando um banco, mas sim roubando alguns centavos dos pais, a
borracha do “coleguinha”, ou seja, somos construídos pelas ações
pequenas, elas pouco a pouco vão moldando o nosso caráter e
resultam no ser que somos hoje.
Espero
o dia em que cada um terá consciência de que o que é justo para
mim, é justo para todos (por uma mais evoluída consciência
coletivo, por novos zeitgest) e que seja como a própria
denominação conota, algo implícito ao ser, que seja natural, feito
de forma inconsciente sem precisar que o outro levante a questão em
uma simples conversa de bar, shopping, escola como tantas que vimos
por aí, em discussões que não chegam perto de serem construtivas,
por não levarem a ação, mas apenas à discussão, a “fofoquinha”
à la Brasil. Que logo será substituída por uma nova conversa, com
um novo enfoque, a partir de uma notícia de maior impacto e/ou
caráter mais
atual.
Nota:
Nota:
O
cunho do meu blog está mais para o emotivo, que para o ideológico,
o político, mas hoje algo me deixou muito revoltosa, mexendo com
meus pensamentos, consequentemente com meus sentimentos, a ponto de
me levar a escrever, não em forma de poesia, poema, pela primeira
vez, mas como sempre, expressando o que sinto.
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