sábado, 20 de fevereiro de 2016

Estranhamento tão presente

Às vezes eu acho que as pessoas tem um véu sob os olhos delas,
Um véu mais espesso que se tapassem os olhos com a mão,
Pois assim, fica mais fácil.
Não parecem ser elas mesmo a causa de tal cegueira.
É mais difícil fingir e acreditar ao que sai da boca para fora,
Que enxergar com o coração a verdade, disfarçada em vãs palavras.
Tão difícil é para o homem, escolher apenas dizer o que é verdadeiro,
Afinal a quem o poder quer e a influência almeja, a verdade não faz parte.
De outra forma já disse Karl Jaspers.
E eu o que sou capaz de dizer, ou de querer viver e levar junto a mim?
Verdades duras ou mentiras bem formuladas.
Por escolher a verdade, muitas vezes não me adéquo ao que se passa lá fora.
E aqui dentro, cada vez me perco.
E mais longe fico da civilização.
Transformando-me num estranho a mim mesmo.
E ao qual todos os dias procuro reconhecer através do espelho.
E a única coisa que encontro, são páginas viradas de dias que já não existem mais.


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Quando alguns passos se apagam

E se tudo fosse como num jogo de dados,
Com resultados aleatórios, trazidos através de ondas de sorte e azar?
Se você soubesse que nem sempre o resultado vai ser aquele que planejou por anos,
Pois um dia um temporal pode acabar com sua plantação,
Uma onda gigante pode destruir coisas que pareciam indestrutíveis.


E se um dia acordasse, e não percebe aonde a parte que definia você ficou pra trás?
E houvesse se transformado em algo que desdenhava,
E uma pedra fosse colocada em seu peito,
Destruíssem um sonho de mais de uma década,
Sonho este que durante a maior parte da sua vida, definiu quem você é.
Definiu todas as rotas traçadas, cada passo dado, e fez-te levantar de cada queda, mais forte.
E se fosse isso, sua maior certeza o que te definiria como você mesmo.
Como iria se reconstruir?
A única certeza é que os passos seriam muito mais lentos, de uma forma que jamais foram.
Pareceria estar num espaço temporal novo, onde o relógio lentamente parece se mover.
Pois não se podem criar um novo mapa, de um caminho que não existe,
Do nada.
Quais alicerces dariam base para algo que não tem substituição?

Como seria sua  transformação?