quarta-feira, 27 de abril de 2016

Nebuloso ser aquele, que esconde dentro de si

Eu sou uma escrevente,
Escritora, filósofa-ausente
Que assim como o mais humano dos humanos
Aprendeu a disfarçar o mais presente necessário que dar-se a essência de teu ser
Que transeunte seria assim como o passageiro do mais fétido e carregado ônibus
Transeunte seria sua história quando mesclada a exigências exteriores
E posteriores seriam os gritos do chamado para sua essência
Buscar deste modo a completude do seu ser
Que completo jamais estaria
Pois a cada copo de água
Ela se perdia
E se reencontrava diante de si mesma
Reconstruindo partes
Re-escrevendo sua self-vida
Indagando se este seria o melhor caminho
Mas qual deveras ser o caminho melhor a se fazer, senão àquele
Aquele apresentado diante de si, no momento
Momento este ao qual basta estar entregue ao âmago de suas necessidades como humana
Humana em construção
Construção humana
Destruição social
Apego ao elo, aos papéis que lhe foram outrora dados, e por situações impostos
Assim como à qualquer outro
À qualquer outra
O existir nos é dado e nos é retirado
Dado ao nascer
Tirado pelas imposições, afirmações alheias, que nos afirmam ser a verdade de nosso ser
Mas o que seria de um humano incompleto
Ser social que busca a aceitação alheia
Ao passo que esquece de se encontrar diante do espelho,
Respirar fundo e se indagar sobre a sua verdadeira face
Face esta que não se apresenta tão facilmente
Pois escondida sob o véu da vergonha, da incompreensão alheia
Culturalmente aceita, como realidade
Mas o que ousaria saber ao se ver diante de si mesma?

http://arthistoryproject.com/artists/berthe-morisot/young-woman-at-the-mirror/

sexta-feira, 22 de abril de 2016

A beleza, aos olhos de quem vê

Está tudo aqui dentro
Um turbilhão de sensações e emoções
Sentimentos que assim como a larva do vulcão, 
Explodem, mas ao invés do fogo, o que temos são lágrimas,
Ninguém pode ver,
Ou sentir, 
Além de você mesmo.
Afinal como transformar isso em algo belo?
A mais triste poesia que o toca fundo em nossa alma
O mais belo soneto de Shakespeare, que nos faz lembrar do quanto humano somos, e tolos aqui estamos
A lutar contra nós mesmos
A exibir tão hipócrita racionalidade, em momentos em que o que basta é apenas sentir.
E viver aquilo que carregas dentro de si.
E assim como uma obra de arte, a beleza está aos olhos de quem vê.
Assim como as palavras que se juntam num esforço uníssono para tentar provocar e transmitir algo perto daquilo que se passou ali dentro.

Ripeto... Un attimo di respiro

Tem coisas que só estão na tua cabeça
E você as alimenta
A cada respiro
A cada respiro teu
Ripeto
Solo
Un attimo di respiro

E se transforma em algo que tenta negar
E se tornar igual
Humano, complexo e demasiado em luta contra a si mesmo


sábado, 16 de abril de 2016

Para tudo há um porquê, basta conviver alguns minutos com qualquer criança de 5 anos, e este é o MEU PORQUÊ:

Somos o que criamos, o que vivemos e os poetas e escritores, estes são o que eles expressam, pois sua forma de ver o mundo e combinar palavras para expressá-la torna-os o que são.
Sou eu mesma, aqui agora, e ontem o que fui? Seria eu a mesma ou um projeto anterior ao de hoje? Cada passo que escolhemos dar ou deixamos de dar  cria  a nossa história, e como forma de expressar minhas emoções, sensações, pensamentos e sentimentos escrevo desde os 14 anos, estas páginas resgatam o que já fui (que colaborou para criar o que sou), muitos trechos bobos, aos quais uma risada é pouco para expressar a frase: "Eu, escrevi isso?", mas em meio há tantas páginas empoeiradas, com cheiro de tralhas há pedaços, textos e frases que explicam ainda o que sou, e que me enchem de orgulho, por ainda menina ter conseguido me expressar e de coragem para seguir em frente, pois o melhor sempre está por vir.
[...]
A tristeza, com certeza ela, é o tempero das grandes histórias, das poesias mais doces, ou angustiantes que podemos encontrar nos livros que lemos, alguns a expressam com atitudes, gestos, atos raivosos, destrutivos, outros a guardam para si, destruindo a si mesmos pouco a pouco, num conta-gotas do mais eficaz veneno, por minha vez, procuro expelir do cerne da minha alma, do fundo do meu músculo palpitante e tolo, da raiz de meu ser e jorro como num vômito veloz e abundante sobre as folhas de papel, com letras e frases que se combinam e traduzem um pouco do que senti, vivi, sei e me transformei. Talvez uma das formas mais próximas de se aproximar de forma empática do sentimento de alguém seja a poesia, apesar que ela mesma não ocorre no instante exato, apesar que...
[...]
SOBRE AS FRASES "MAL ESCRITAS"


No entanto ainda merecem ser reproduzidas, afinal sem o feio não há o belo, sem o erro não há o acerto, sem o mal escrito o melhor escrito não se produz, tudo é experiência, experiência esta que se inter-relaciona a cada instante e nos transforma, o presente que já não é mais presente, pois minutos depois já é passado, o futuro que já chegou e se torna presente, e o EU, que acompanha o tempo. E que por este se molda, com ou sem trechos belos, mas com partes que constroem uma EXISTêNCIA em transformação o tempo todo.

Publicado originalmente em:
Fênix, antes das Cinzas: Memórias