Capítulo I
Um olhar carregado de ódio, braço apertado, brigas, copo quebrado, roxo no olho.
“As coisas não podem continuar assim”, ela pensou, “pois isso não é amor e respeito é crucial. Só vejo tristeza em algo que deveria ser bom, destruição em algo que nunca deveria deixar de se transformar em um sentimento maior e mais completo, pois afinal são os anos que temperam o amor, sejam eles como temperos doces, fortes ou amargos”.
Capítulo II
Assim como a densidade da neblina que limita o campo de visão ao encobrir tudo o que está à sua frente, sabia que deveria enxergar além e procurar perceber o lado bom: “Isso tudo me ensinou que devo decidir quem deve estar ao meu lado, e até mesmo me questionar se preciso mesmo de alguém”, a decisão se tornou então ação.
Capítulo III
Música no rádio da vovó. Ela sabia, que não era apenas um rádio, ou simplesmente um objeto portador de sentimentos, mas sim a representação material das lembranças que nos fazem sentir seguros, como o bolo da tarde de nossa infância, as festas de família, o almoço de domingo na casa dos pais após a saída de casa.
Capítulo IV
As lágrimas caem de sua face ao tomar coragem de fazê-lo, pois a escrita da carta foi deixada de lado para evitar a sensação do que estava por vir.
“Filha, querida, amada, desejada e única,
Infelizmente não sei por onde começar, mas sei que se estiver lendo isto, é por não estar mais ao seu lado. Significa também que não te darei um abraço apertado na sua festa de 15 anos, e nem chorarei de emoção e orgulho na sua formatura, ou até mesmo sentirei o cheiro da pele de meus netos.
Seu pai sempre foi um herói para você, isso não posso negar, e imagino que por isso felizmente, nunca tenha percebido o que se passava entre nós. Ele sempre foi uma ótima pessoa, mas com o passar do tempo, se tornou alguém que eu não reconhecia. Sei que estará desamparada, mas sinto a necessidade de escrever alguns conselhos, mesmo querendo poder dizê-los fazendo cafuné em seus lindos cabelos. Leia-os sempre, para se fortalecer diante de pedras do seu caminho:
- Não podemos e nem devemos procurar no outro, espelho com a mesma
face.
face.
- Não perca sua essência, valores, seja você mesma sempre, e saiba
que quando vivemos para os outros, esquecemos de nós mesmos.
que quando vivemos para os outros, esquecemos de nós mesmos.
- A espera pela reciprocidade [na maneira de agir] é como uma
mulher de mãos secas, vazias e pedintes e se for esperar pela sua existência
não se vive, não se faz o bem e não se perdoa.
mulher de mãos secas, vazias e pedintes e se for esperar pela sua existência
não se vive, não se faz o bem e não se perdoa.
- Sobre a opinião alheia, cada um sabe a sua história e quem
melhor para entender e compreender que ele mesmo? As pessoas, mesmo querendo
ajudar, desconhecem a complexidade do que vivemos.
melhor para entender e compreender que ele mesmo? As pessoas, mesmo querendo
ajudar, desconhecem a complexidade do que vivemos.
Espero que consiga compreender o que disse, antes de passar por muitas desilusões. Na estante estão também algumas leituras que serão importantes na sua formação.
E não esqueça jamais o quanto te amei e te quero bem, minha querida e iluminada Luna.

Nenhum comentário:
Postar um comentário