sábado, 14 de janeiro de 2017

Febril desejo

Boca seca,
Água que não resolve,
Nem na garganta,
Muito menos no rosto, pescoço
Face a queimar.
E dentro, cada célula em estilhaços feitos de fogo,
Calor, falta de ar,
Que desejo é este?
Mas bom apenas que fosse somente isto.
Não sei denominar o que me inquieta.
Ao menos sei, muito carinho o tenho por ti.
Tênis de felina,
Mas do teu lado viro rato.
Rata, a tremer sem saber o que pronunciar,
Receio de teus limites não saber respeitar,
Tua pele que roça, a milímetros de mim,
Pêlo, braço.
Mas tu tão longe quanto um pássaro no ar.
Vontade de cuidar-te, apenas
Mas isso é apenas pensamento e querer que mato.
E assim me queimo ainda mais.
Feito peixe que não sabe percorrer a maré, calo-me.
Mas torro-me por dentro.
Suspiro que tento esconder,
Respiração entrecortada, procuro disfarçar.
Quase como gelo, me congelo paralisada, com tua perna colada a minha.
Mesmo que por dentro esteja em chamas pelo desejar, que deve ser esmagado,
Pois tu guri-homem não pode segurar-me.
E até mesmo fujo de olhar-te no fundo de teus olhos,
Querendo arrancar de ti o que te faz mal, pois mesmo que não me digas sei,
algo aí pesa teu ser.
Mas eu sou apenas isso, rata diante de ti.
Por outrora hoje, distante é meu posto,
Pois os limites o foram colocados entre o tu e o eu.

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