quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Medo de ler Kafka!

Medo de ler Kafka,
Pois sei que não serei mais a mesma, uma vez mais.
Do desencontro da substância do saber, constante e atualizado, que destrói suas defesas,
Ao lhe tirar as vendas dos olhos.
Quais seriam as dádivas do saber, apenas pela curiosidade do ser?
O humano que se torna Eva, Adão.
E vê o nada, como o Deus vê.
Tira-Se a inocência
E o inunda com verdades tão doloridas, ao equivalente de lhe arrancar a alma da inocência.
Nos tornamos humanos sedentos do saber.
Mesmo que tudo que o queira é esquecer tudo que o conheceu.
Para novamente se pôr a sorrir diante dos homens, dos animais.
Como se eles já não o fossem mas compostos de substâncias, que os tornam comuns, iguais aos outros.
Que no pó terminam.
Para um dia estar diante daquele que nele crê.
Ou desacredita, para perder a noção do que não é nada, diante do seu imperativo poder, incalculável, imensurável por calculadoras e saberes, puramente humanos.
E ao pó volta.



Um comentário:

  1. Existe mesmo alguma fagulha que não deveria ser, ou possa des-ser ou que algum dia foi?
    Nessa curta jornada de experiências viciosas e conceitos meio-certos, meio-errados, na verdade, apenas vendados e desvendados - no possível de todo acaso entre as lutas de todas as forças.

    É possível então que haja uma saída ou liberdade? Ou mesmo que haja qualquer prisão?

    A vida segue achando ser livre enquanto pode, por onde pode... até que acaba.
    De conflito em conflito se preenchendo, contra as forças, transformando forças, mas nunca... de fato... presa ou livre - exceto, enquanto manifesto e forma, do próprio universo contido num tempo eterno.

    ResponderExcluir